Possuímos quatro goleiros no plantel profissional, qualquer colorado minimamente
informado sabe quem são eles. Agora me pergunto: é preciso ter um quarteto
disponível pra defender o gol, ainda mais sabendo ser muito difícil o titular
proporcionar chance doutro jogar? quanto custam à folha? Sem falar que periga ser preciso fundir três deles pra sair um goleirão de verdade... Mas não vou me
adentrar nesse mérito. Apenas farei aqui uma breve e descomprometida apresentação
de cada um deles.
MURIÉU AKHENATON BECKER, codinome Arcanjo, o Camisa 1: 26
anos, 1,90, 116 partidas. Tomou a titularidade do Renango, do qual dizem que
herdou também certa tendência à depressão. Antes disso, fez sucesso na Série B
pela Portuguesa em 2009 (e por isso o seu empréstimo não foi renovado em 2010).
Nalgumas ocasiões, parece um bom arqueiro, embora apenas recentemente tenha
aprendido a socar a bola pra fora da área, graças a umas dicas do mítico Cremer,
e mesmo a se comunicar com a defesa, até que põe toda essa impressão positiva
por água abaixo, em especial num jogo decisivo (quando então “bracinho-de-jacaré”
e “mãos-de-alface” viram elogio). A deficiência técnica maior talvez seja não
saber sair do gol, ou não saber ficar… Outro porém decorre do fato de sofrer de
intestino nervoso (não por acaso o intestino é considerado pela medicina atual
como o “segundo cérebro”), além de ter trauma por não pegar pênalti. Natural de
NH, é cria do Celeiro de Ases. Pensou em ser goleiro porque gostava muito de
jogar frisby em Cidreira, onde veraneava com a família e o cachorro, que também
fazia parte da família e teve importante papel na excelência de Muriéu como
frisbeiro (dizem que esse cachorro inclusive era melhor que ele). Hoje prefere
o vídeo-game.
ALISSON RAMSÉS BECKER, irmão caçula do Muriéu: 20 anos,
1,93, 1 partida. Também criado nas categorias de base do Inter. Sempre perdia
pro Muriéu no frisby, e essa frustração gerou nele a necessidade de seguir seus
passos, até que um dia pudesse superá-lo. Esse momento parece estar chegando ou
mesmo ter chegado. Fez sua estreia profissional na última partida do Colorado,
contra o Cruzeirinho domingo passado, e empolgou a torcida (tomou um gol
miserável de empate aos 45’ do 2ºt, mas “não teve culpa”), a ponto de alguns
(Gamarra et al.) pedirem a sua titularidade, ou seja, de quererem o “goleiro do
futuro” agora! Como eu já disse, perdi essa atuação única. Não há informações
fidedignas sobre o seu hobby.
LAURINDO SCAFANDRO DE LA CRUZ: 32 anos 1,93, 114 partidas. Originário
da Toca da Raposa, onde era incompreensivelmente o 3º goleiro. Seu auge ocorreu
defendendo o Inter em 2009, na conquista da Copa Shulamericana, p.ex. com
defesas reflexas de olhos bem fechados na Bombonera que espantaram a torcida e a
mídia portenha. O porte e a envergadura também chamaram a atenção (uma "muralha"). A nossa
diretoria fez um esforço à época pra evitar que fosse vendido. Entretanto,
tiro-de-meta não era com ele: geralmente mandava pra fora, e era melhor assim.
Ademais, notabilizou-se pelos rebotes de peito, agachado. Raras vezes arriscava
sair do gol, pois se perdia já ao deixar a pequena área, onde aliás não raro desabava
sob o travessão, como se quisesse deixar a bola entrar por cima; vem daí a
alcunha de Cuecão-de-Chumbo. Perdeu a titularidade quando o Fosatti assumiu a
casamata: o véio Fossa quis o veterano Patoabbondanzieri pra encarar a Libertas de
2010. Mas mesmo nessa competição Laurindo se destacou: meteu porrada na final
da Batalha de Quilmes. Porém o fato de ter perdido a oportunidade de levantar
aquele caneco da LA como titular o desmotivou um pouco. Após ser emprestado e
devolvido umas duas vezes, retornou de novo ao Inter este ano, ninguém sabe bem
por quê. É o único a quem Dungo ainda não deu chance (o mais perto foi ter
ficado no banco contra o Cruzeirinho). Passa as horas dedilhando canções de Sérgio
Reis ao violão e jogando pôquer (às vezes as duas coisas ao mesmo tempo). É
considerado o nosso melhor goleiro por alguns experts.
ARGENOR DETEFON: 26 anos, 1,87, 8 partidas. Gaúcho de
Erechim, passou a infância no interior paulista. Além das lides do campo,
trabalhou como ajudante-mirim de pedreiro. Desde piá, sempre que podia, estava
uma bola ou qualquer outro objeto (latinhas, pedregulhos, tijolos, baldes de cimento etc.). Nunca
aceitava ficar no gol. Certa feita, numa chuvarada que espantou toda a gurizada
do campinho, ficou treinando consigo mesmo, e um imprevisto o pegou de surpresa:
tomou-lhe uma descarga elétrica no lombo ("Raios me partam!") e nunca mais foi o mesmo, tendo sobrevivido por milagre (desnecessário
dizer isso, mas enfim). Recuperado desse episódio, passou a driblar e chutar
como ninguém. Conseguiu uma vaga de gandula num clube qualquer e logo chamou a
atenção do técnico, pois em vez de repor a bola, driblava com facilidade os
jogadores. Detentor de potente canhotaço e bom batedor de penais, atuava como
atacante até vir pro Jumentude em 2005, onde quebrava o galho como goleiro e
gandula durante os treinos; em 2006, passou pro Inter. Estreou de modo
inusitado nas 4ªs do Gauchonga/2008: todos os 3 goleiros de então (Renango,
Muriéu e Crémer) tinham sido acometidos de hepatite A num jogo pela CoBra no
Sertão Nordestino (não lembro contra qual clube). Destacou-se atuando pelo
Criciúma por empréstimo em 2010, conquistando o acesso à Série B (personalidade
muito elogiado pelo técnico Argel, ganhou “frases de Chuck Norris” da torcida
tigrense). Na única partida que atuou nesta temporada, contra o Chinelajeadense,
aceitou um chute de merda no finzinho do 1ºt e passou o resto da partida olhando
como um gandula os chutes passarem perto de sua goleira. Gosta de pescar no
Guaibão.
OS QUATRO ARQUEIROS DO APOCALIPSE |