terça-feira, 13 de agosto de 2013

Reflexões tempestivas sobre o setor defensivo do Internacional

Por Ciffero de Parvalho

Como sabemos, o setor defensivo do Internacional vem causando algum constrangimento aos torcedores. Não fosse o bom desempenho do ataque, o time estaria em lugar indevido na tabela. Não quero aqui fazer a apologia do passado, nem, tampouco, um discurso passadista, mas é inevitável contextualizar, pela via comparativa, o que vemos hoje. 

Os cinco homens que compõem o setor defensivo stricto sensu (Muriel, Ednei, Ronaldo Alves, Juan e Kléber) têm deixado a desejar. Não falarei aqui dos volantes, que, também, andam pecando e não cobrem os vazios porventura deixados pelos colegas que jogam mais atrás. No segundo gôlo do Atlético-PR ontem, por exemplo, o carrinho de Kléber fez com que a bola “espirrasse” justamente para as suas costas, local em que não havia nenhum volante na cobertura. Ademais, o ponteiro direito [expressão nova] atleticano somente teve o trabalho de cruzar a bola no pé de seu colega de ataque, enquanto Juan apenas observava, e Muriel (também conhecido entre seus detratores pelo anagrama portunhol “El Ruim”), a seguir, tirava, incrivelmente, seu corpo da bola, talvez não percebendo que atrás de si havia algo chamado de goleira ou trave, nem que, se a bola cruzasse a linha de fundo , seria golo do time adversário. 

Tenho estado realmente preocupado com o setor defensivo do time, que está, independentemente da rodada, quase sempre entre os cinco ou seis piores desempenhos do Campeonato. Atualmente, são 12 jogos e 18 gôlos sofridos, média de 1,5 gôlo por partida. Ora, essa média exige sempre, no mínimo, dois gôlos para que haja vitória e contraria a lei do menor esforço, aquela segundo a qual apenas um gôlo por jogo é capaz de trazer a eudemonia. Assevero que não sou defensor dessa lei; pelo contrário, gosto mesmo é de golear, respeitosamente, os adversários. 

Disse, acima, que não faria um texto passadista. Porém, como sei que boa parte dos jogadores de hoje mal conhecem a história do clube em que jogam, evoco o nome de alguns senhores que já vestiram a camisa colorada, a fim de que saibam que contextualmente é muitíssimo difícil para um colorado com mais de 40 anos aturar o que vê hoje, pois esse colorado dispõe de parâmetros pelos quais pode bem julgar o que está em campo. 

Comecemos por Don Elias Figueroa, o maior zagueiro da história do Internacional, dono absoluto da área e, como se não bastasse, autor do gôlo que deu o primeiro título nacional ao clube em 1975. Em 1976, a ele juntou-se outro cabeludo, Marinho Perez. Era uma zaga e tanto. Aliás, por falar em cabelos e congêneres, boa zaga é aquele cerrada, fechada, como ensina Nanda Costa... Houve outros bons zagueiros cabeludos no clube, o próprio Mauro Galvão era um deles e, aos 17 anos, sim 17 anos, foi Campeão Brasileiro invicto em 1979. Os zagueiros de hoje deveriam freqüentar o Youtube e conferir o futebol desses caras. Ficariam envergonhados. 

Juan é um bom zagueiro, tem técnica, conhece os atalhos do relvado, mas, assim como Índio, precisa de reposição no segundo tempo. Ronaldo Alves ainda está muito verde, aos 25 anos. E os guris da base desconheço. Portanto, para mim, não temos defesa confiável. 

Quanto ao goleiro, infelizmente acostumei-me bem (ou seria “mal”?) com Manga e Benitez, campeões brasileiros de 1975, 76 e 79. Isso para não falar em Taffarel, que atuou nos anos 80. Desde Taffarel não temos um goleiro excepcional, e com Muriel não é diferente. Adotamos mais um goleiro médio, como se fosse uma obrigação ter um goleiro médio defendendo a bela e tradicional camisa plúmbea. Na verdade, a política do clube é valorizar o goleiro “prata da casa”, mesmo que não se trate de um bom goleiro. Com todo respeito que devo ao ser humano Muriel, não posso deixar de criticar o goleiro que ele é. Não me serve. 

Quanto aos laterais, já tivemos muitos bons, de escol, de seleção: Edevaldo, Rodrigues Neto, Betão (esse sabia das coisas). Hoje temos Kléber e Ednei. Ednei ainda pode aprender alguma coisa... Kleber, bom jogador de futebol, adotou o jogo mínimo, não chuta mais, só marca. Tornou-se irritante. Não falarei de Gabriel (vulgo El Bagri) e nem de Fabrício (conhecido como Chupa-Cabra). Estão aquém da crítica. 

Por fim, cabe ressaltar que o time é comandado por um ex-volante (e dos bons). Causa-me espécie que Dunga, certamente vendo-se como volante no time, esteja conformado com o que tem, digamos, “atrás de si”. A essas alturas do Campeonato só resta treinar incansavelmente o setor defensivo, uma vez que as contratações estão encerradas. Temos ótimos atacantes. Uma solução é, nos treinos, colocar em espaço reduzido do campo, Scocco, Damião, Forlán e Otávio a dar um baile nesses caras que vestem as cinco primeiras camisas do time. Se fossem homens de verdade, os citados cinco defensores não descansariam enquanto não passassem uns cinco jogos sem tomar gôlo.
Relvado à vista! Nanda Costa (capa da Playboy de agosto/2013) pensando na contraproposta.

BENZADEUS! (Le Ruque-Raque Blogue & The Black Tape Project)

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