Henze.
Levantando a bujarrona
Falar de futebol, em
especial do nosso Internacional, clube fundado pelo niteroiense Poppe Leão (“A
quem é nosso dever darmos glória, e é nossa salvação darmos graça”), implica
estar ciente do caráter exógeno que desde o princípio instituiu o clube, qual
seja, o do “estrangeiro” que, ao penetrar em terra de – como diria
Saint-Hillaire – muito mosquito (e, como acrescentaria este que vos fala, algum
racismo), opta por abrir a todos o clube que fundara, independentemente da cor
com que a genética tenha resolvido matizar a epiderme de cada ser humano.
Faço esse intróito para
justificar, dialeticamente, o espírito tranquilo e endógeno, presente em um
passeio marítimo que, no final de semana, realizei pela Baía de Guanabara, rumo
à ontologia vermelha mais profunda, isto é, à terra de nosso
Presidente-Fundador. Em tal passeio – como se vê na foto que abre esta matéria
– contei com a companhia e o estímulo de uma senhorita profundamente carmim em
termos vulvares, e alva, em termos epidérmicos: uma moça inegavelmente colorada
portanto, que, em seu vestido amarelo-esperança, ajudou-me a LEVANTAR A
BUJARRONA com incrível facilidade.
Da viagem pelas
aprazíveis águas guanabarinas, passo, aqui, metafórica e rapidamente a outro
espécie de passeio, o ludopédico, que espero sejamos capazes de perpetrar sobre
a malfadada equipe de três cores, frequentadora contumaz da segunda zona do futebol tupiniquim.
O Campeonato Gaúcho,
que ora adentra sua primeira etapa decisiva, serve, de um lado, como
laboratório para o que se vislumbrará no futebol colorado em 2013, para que os
jogadores e a comissão técnica demonstrem a que vieram; de outro, serve,
reflexamente, como indicador das reais expectativas que os torcedores colorados
poderão entreter para o Brasileiro que se aproxima (entre esses colorados
estão, diga-se de passagem, os que dedicam seu tempo a escrever sobre o clube).
Seria indício de boa
vontade e de extrema proficuidade anímica para a torcida colorada ver Dunga e
seus comandados começarem, neste domingo, a navegar DE VERDADE, tranqüila e
serenamente, pelas águas do bom futebol, COM VONTADE DE LEVANTAR A BUJARRONA. E
sem amarelar. A única amarelada que aceito, nestas alturas do campeonato e da
vida, é a moça da foto, minha nova secretária.
Maritimamente,
Ciffero de Parvalho,
navegador epicurista
Pau da bujarrona do barco colorado, que deve ser mantido em 35º de inclinação até o final de qualquer campeonato. |