Enquanto isso, na Orrla do Guayba... |
O torcedor brocha come as nádegas da coroa e atira os ossos pro cachorro.
O torcedor brocha, futuro inquisidor, devora a súmula e soletra o calendário.
O torcedor brocha não anda nas nuvens. Sabe escolher seus apetrechos: a almofada, a corneta, o binóculo, as palavras-cruzadas, o boné, o fone antirruído, o sinalizador. Dança com eles. Conjura-os.
O torcedor brocha ateia fogo no vestiário pra testar a competência dos bombeiros.
O torcedor brocha, declarando superado o estatuto de 2003, corrige o professor de direitologia.
O torcedor brocha confessa-se ateu e à toa. Não devolve a bola pro gandula e manda-o se catar. Aplaude os ruins e vaia os bons.
O torcedor brocha é desmamado no primeiro dia. Despreza Rômulo e Remo. Acha a loba uma cadela. No pré-natal, gritava: “Champanha, mamãe! Rápido!”
O torcedor brocha decreta a alienação do treinador. Expulsa-o da casamata, com a roupa do corpo e amordaçado. (Mandou fazer uma faixa: Técnico bom é técnico
demitido.)
O torcedor brocha repele as propostas da bandeirinha de dezoito anos, chamando-a de bisavó.
O torcedor brocha, escondendo os cartões do árbitro e trancando-o na cabine do VAR, obriga-o a refundar a pop art, única saída do impasse.
O torcedor brocha, refém do fator buceta©, ensina a maria-chuteira a amar. Dorme com o radinho debaixo da cama.
O torcedor brocha assiste somente aos jogos do seu time (e olhe lá!) — ouvindo death metal.
O torcedor brocha despreza clássico, uma desgraça que não deveria existir — salvo quando seu time ganha.
O torcedor brocha adora passar um tempo na Zona.O torcedor brocha considera as organizadas um bando de freirinhas no cio. Já os jogadores são tudo mercenário, merecem o chicote.
O torcedor brocha nunca lava o "manto sagrado" — mais por preguiça do que por superstição.O torcedor brocha esquece de comemorar gol que não seja decisivo, chorado ou de placa.
O torcedor brocha não vê a hora de chegar a intertemporada, melhor época do ano.O torcedor brocha nunca colecionou figurinha. É passadista por natureza e se diz neodecadente; não suporta o hic et nunc, e quanto ao porvir, resume-se a uma miragem.
O torcedor brocha, dos animais só admite o quero-quero e o piloto de carrinho-maca. Deixa o cusco mesmo raivoso e o motorista de ambulância às pulgas.
O torcedor brocha benze o gramado em dia de temporal.
O torcedor brocha acha que torcida não ganha jogo (até atrapalha). Prefere jogos de portões fechados.
O torcedor brocha abomina qualquer tipo de aposta — apostar pra quê!? (Talvez contra o próprio time...)O torcedor brocha antefilma o acontecimento agressivo, o Apocalipse, lance capital.
O torcedor brocha festeja seu terceiro aniversário convidando o Saci e a Mula sem Cabeça pra jantar. Espetados na mesa três facões acesos.
O torcedor brocha despede a televisão, “brinquedo pra analfabetos, surdos, mudos, doentes, antinietzsches, padres, podres, velhotes”.
O torcedor brocha atira uma granada em forma de falo na mãe do Badanha, sepultando as Federações (só a várzea salva).
O encéfalo do RRabbit está subdividido em 6 frames, sendo 3 em cada hemisfério: no esquerdo, os 3 primeiros frames; no direito, os 3 restantes. O espaço entre ambos os hemisférios chama-se interframe. Tal esquema se reproduz no tempo regulamentar de jogo, subdividindo-o em 6 blocos de 15 minutos:
- de 00:00 a 15:00, 1.º frame;
- de 15:01 a 30:00, 2.º frame;
- de 30:01 a 45:00, 3.º frame;
- intervalo de 15 minutos, interframe;
- de 45:01 a 60:00, 4.º frame;
- de 60:01 a 75:00, 5.º frame;
- de 75:01 a 90:00, 6.º frame;
- acréscimos, postframe.
Em regra, as substituições acontecem no início do 5.º frame (i.e. aos 15' da segunda etapa) e no do 6.º (aos 30'); eventualmente, devido a alguma intercorrência de ordem física, também se processam no interframe (i.e. na volta do vestiário). Esse cerebralismo rabbitiano propicia aos comandados ficarem de prontidão pras substituições, as quais obedecem não apenas ao esquema dos frames, internalizado pelos atletas como se fosse um miniciclo circadiano, mas também à hierarquia preestabelecida pelo treinador, de maneira a otimizar a organização da equipe.
A seguir, dois dos principais meio-campistas que amiúde tomam parte na dinâmica do sistema framista; ambos sabem de antemão como e quando se dará a substituição, bem como o que é preciso pra não deixar cair a peteca.
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Tia Gomaya, paranormal |
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Ronaldol, bailarino |
★★★
VAI SER PUNK
_ x _ Bambi's (dom 03/08, 20h30) BR #18
Pavão _ x _ (qua 06/08, 21h30) CB #8ª/voltaEnergético _ x _ (sáb 09/08, 18h30) BR #19
_ x _ Flamingo (dom 17/08, 18h30) BR #20
Rapunzel _ x _ (sáb 23/08, 18h30) BR #21
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