Faz tempo me veio a ideia de que um dia — digamos daqui a uns 300 anos — a era os boleiros terá desaparecido por completo, assim como aconteceu com a dos gladiadores.
Acho até que o mondo calcio já começou a desaparecer, embora talvez pareça mais presente do que nunca. Todavia, por sob a ubiquidade e o fanatismo, a decadência lança seus odores deletérios. Tanto a euforia duns quanto o desalento doutros depõem contra o sentido e a favor do sintoma.
Na vida como na arte, a paixão vai se perdendo em meio à mesmice, as cores da foto aos poucos ficam sépia, e despercebidamente o interesse se esvai, dando lugar à nostalgia ou a novos interesses. (Um hobby perde a graça quando vira obrigação.)
Também, num plano maior, os costumes e a mentalidade mudam a cada geração, à mercê dos múltiplos eventos, e súbito há um novo Zeitgeist que, embora ou porquanto vivenciado hic et nunc, é reconhecível mormente a posteriori.
Analogias à parte, três fatores complementares (ou cúmplices?) dão conta de que a decadência ludopédica é uma realidade sem retorno: o VARjinhamento, a BETização e a SAFadeza — quando essa bolha estourar, corações e almas tomarão outro rumo.