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sexta-feira, 11 de junho de 2021

Pergunte ao cão!

 

PLAY ANTES DE COMEÇAR A LER (SEM PRESSA)

Shakuhachi [The Japanese Flute] - Kohachiro Miyata (Full)   

Certa manhã,
após banharem-se
nas abençoadas
águas
do Rio Guaíba,
Ramirezu Sensei *
e seus discípulos
caminhavam
pelos domínios
do templo
Parque Gigante,
quando um deles
lhe perguntou
afoito
— O que é o zen,
afinal?
Então o mestre,
apontando um cão
deitado à beira
do
passeio,
disse:
— Pergunte ao cão!
E o cão,
por sua vez:
— Pergunte à pulga!
E a pulga:
— Pergunte ao pó! **
E o pó:
— Pergunte ao popó! ***
E o popó:
— Pergunte ao popô!
E o popô:
— Pergunte ao pipi!
E o pipi:
— Pergunte ao pum!
E o pum:
— Pergunte ao polvo! ****
E o polvo:
— Pergunte ao MAR! *****

ꙌꙌꙌ



* Ramirezu é como fica em japonês o nome de nosso "estagiário de luxo"  o R é sempre líquido (que nem no alemão: 'Reich'), i.e. pronuncia-se igual ao nosso R do meio (e.g. 'caReca')  e Sensei (mestre, professor) pronuncia-se 'sensê'.

** Pergunte ao Pó  — romance de John Fante (Ask The Dust, 1939, prefaciado 40 anos depois por um tal Charles Bukowski, que o tinha por ídolo); virou cult entre neobeatniks et alii (muito narigão deve ter entendido o pó" do título como lhe convinha pragmaticamente e talvez se decepcionado com o conteúdo). A primeira tradução no Brasil (1984) foi feita pelo Paulo Leminski, em edição da extinta Brasiliense (logo adquirindo status de fetiche e raridade), incensada como "lendária", "obra-prima tradutória" etc. Casualmente, dia desses vi o livro na vitrine dum sebo, perguntei o preço, achei caro e dispensável... dias depois estava ainda ali... então, na manhã chuvosa de ontem, quinta 10/06/2021 (data do 2º. xoco mata-mata sem mamata contra o Fitória pela Cobra2021), enquanto eu escrevinhava estas linhas da "bostagem" ("póste" em dunguês), resolvi pegar na estante a minha edição (Ecco, NY 2002), e dando uma relida no último capítulo, fui tomado pelo impulso de sair correndo rumo ao referido sebo, sem guarda-chuva nem nada, e fui o mais rápido possível, com medo de que qualquer delonga poderia ser suficiente pra algum excomungado chegar antes... graças a Hermes a.k.a. Mercúrio, o repentino objeto do desejo continuava estava no mesmo lugar... e sendo atendido pela vendedora talvez meio assustada com meu aspecto de possesso, me pus a disfarçar o interesse... Enfim, admito ser fetichista em matéria de livros (i.e. um bibliófilo amador e punheteiro, de parcos recursos), com mania de cotejar traduções de tantas línguas e edições a que tiver acesso. Será que esta é o bicho mesmo? (A tradução lesminsquiana do Satyricon, direta do latim, também pela Brasiliense, eu não curti... Aliás aproveitei a ida ao sebo pra comprar baratinho uma tradução que eu achava que não tinha, a do Marcos Santarrita, Civilização Brasileira, 1972, bem conservada, e em casa vi ser a mesma da Abril Cultural, 1981, porém com "Apresentação" e texto nas orelhas; fechando o pacote, peguei — ou melhor, fui pego! a novelinha me achou — Carmilla: Morrer de Prazer, seguido de Chá Verde, da de Sheridan le Fanu, Col. Cantadas Literárias, 1985.)  Voltando ao Pó: quanto ao título, observa o seguinte: "Ocorre porém, que o verbo to ask, em inglês, também pode significar 'pedir', 'pedir o jantar', por exemplo: 'Peça o Pó'? Por fim, to ask, ainda, significa 'convidar': 'Convide o Pó'. Esse pó de palavras que Fante espalhou por tantas páginas." Hmm... (Em Portugal ficou "Pergunta ao Pó".) Disponível em catálogo, tem a tradução do também curitibano Roberto Muggiati (2003), decerto mais "sóbria" que a pioneira (Leminski, sensei de judô, completaria 45 invernos quando a cirrose lhe deippon, i.e. xeque-mate). No mais, Hollywood a.k.a. Oliú fez uma adaptação palha pro cinema (2006) — menos mal que eu já tinha lido no século passado (leitura que me pegou em cheio). A propósito, na narrativa tem cão — mais especificamente, cachorinho (sic)...

*** popó: "sm coloq Vaso para urina e dejeções de uso noturno; penico, urinol." (Michaelis).

**** polvo: em espanhol "sm 1 Pó, poeira. [...] 2 heroína (droga). EXPRESSÕES: echar un polvo ter relação sexual." (Michaelis).
https://pergunteaopolvo.com.br/

***** MAR: monograma de Miguel Ángel Ramírez; a anedota em versos foi composta antes de sua iminente demissão.


Nota 1
No intuito de evitar suspeitas de plágio, e ainda de que constatem a extrapolação da ideia original nesta minha paródia séria (pois também encerra algum ensinamento zen), revelo aqui a fonte: → Learning Zen from a Dog
Na historinha, após todos se banharem o discípulo pergunta ao mestre o que deveria compreender... daí o mestre lhe diz pra se espelhar num cusco que por ali lagarteia, e o discípulo retruca que não quer aprender com aquele cão... o mestre lhe indica outro, o discípulo insiste em dizer que não tem nada a aprender com cão nenhum porque só sabem dormir, comer e reproduzir-se, ao passo que ele tinha procurado o mestre justamente a fim de libertar-se disso... ao que o mestre encerra a conversa respondendo que ele, o discípulo, também comia e dormia... (E a reprodução?) Enfim, me faz lembrar Diógenes de Sinope a.k.a. O Cínico, patrono deste blogue cânico.

P.S.: dada a polissemia de cão, "Pergunte ao cão!" pode equivaler a "Pergunte ao diabo!", i.e. "Vá pro diabo que carregue!". 

Nota 2
Tomando por base A Arte Cavalheiresca do Arqueiro Zen (2011), de Eugen Herrigel (Zen in der Kunst des Bogenschießens, 1984 — literalmente, "Zen na Arte do Tiro com Arco"), onde o ato de mirar mais atrapalha do que ajuda a acertar o alvo, podemos dizer que no esporte a obsessão pela vitória tende a levar à derrota. Assim, no futebol a.k.a. ludopédio a.k.a. balípodo a.k.a. 'calcio' a.k.a. ποδόσφαιρο, a maestria só pode ser alcançada quando a intenção ou pretensão de ganhar o jogo — portanto de fazer golos e não tomá-los — é esquecida e deixa de existir; a própria ideia de vitória, empata-foda e derrotinha perde o sentido, pois o importante é o aprimoramento da técnica, da habilidade, da estratégia, do preparo físico e mental, do entrosamento, da capacidade de improvisação e superação nas mais diversas circunstâncias, da abstração contemplativa, do insight, do estar presente em comunhão com o Todo, o Nada, a transitoriedade. A essa arte podemos chamar de futebol zen, o qual deve prezar a meditação sem perder a ludicidade; no caso de clubes profissionais, só será possível se houver também uma torcida zen (o Inter miguélico evoluiu bastante nesse sentido). 


Memento, homo, quia pulvis es et in pulverem reverteris.

"Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó voltarás". Palavras de Deus a Adão após o pecado original, na tradução latina da Vulgata (Gênese, 3, 13); repetidas pelo padre quando, na quarta-feira de cinzas, marca de cinza a testa dos fiéis. Memento homo, quia é título e estribilho de um poema de Alphonsus de Guimaraens. (in: Paulo Rónai, Não Perca o seu Latim, 1980.)

Ut recte valeant!

HEZEN SAKE
a.k.a. Henze Saci

sábado, 21 de dezembro de 2013

Interstício 2013-2014

ATUALIAZAÇÃO DE RÉVEILLON

QUE 2014 NOS SEJA PLENAMENTE FAVORÁVEL! 
(MELHOR QUE 2013 É CERTO QUE SERÁ.)
SÃO OS VOTOS DO SACI A TODA A COLORADAGEM.

POSTO PRÉ-NATALINO

Que temporada tivemos, hein! Começamos com grandes expectativas, seguimos aos trancos e barrancos, daí fomos derrapando ribanceira abaixo, mas passamos de ano com as calças na mão.

Dungo foi trocado por Kremer no começo de outubro, e a emenda saiu pior que o soneto (Luídi não seguiu o preceito de Bocage). Abel Braga, que não quis pegar o bonde andando, foi apresentado na última terça-feira, dia 17. Antes, na Cúpula Colorada, Soltinho "Já-vai-tarde" Demora viu-se obrigado a pedir o boné, com o que Manguaça Dropeiro's unificou a Vice-Presidência de Futebol e Surfe. 
Vai na fé, mermão!
Quanto ao prantéu, as especulações têm sido muitas. De consumado, temos o seguinte: Krébs e Bagriel foram dispensados, ao passo que Damien foi vendido ao Santos; no setor de desembarque, há apenas os zagueiros Paulão (ex-gazela), adquirido junto ao banco do Cruzeiro Guangzhou Evergrande (um negócio da China!), e Ernand du Gois, pré-contratado em novembro. A mudança mais necessária está estaria prestes a se concretizar na véspera de Natal: Murrinhéu legará a Camisa 1 provavelmente ao quarentão Dida (e não ao Jefferson), oriundo do cocô-irmão, que aproveitou pra contratar por ciúme se reforçou com o vira-casaca Edin, dica furada do Abelão ao Inter. Aliás, tivemos de engolir a seco que a equipa, segundo o novo técnico, tem dois fulcros: Uíliams e Aipim Moura. Diante disso, Nacho insistiu que deseja ser repatriado, enquanto Luídi declarou que não precisamos contratar volantes. A ordem geral é buscar reforços de "força, velocidade e ambição" (seja lá o que isso possa significar) que venham com o selo "bom & barato".
Mas o torcedor deve sossegar o facho, isto é, que não espere grande coisa — assim lhe aconselha o executivo Chumbista Drumewton, que alega não levar jeito pra Papai Noel e segundo o qual estamos na pindaíba; portanto, tudo será "pontual" e "de ocasião": p.ex. um superlateralzinho direito, mais um atacante do naipe de Uélinton Paulista a peso de ouro. Incansáveis esforços estariam sendo urdidos pra que tenhamos alguma novidade antes do réveillon (quem sabe o volante Aránguiz?).

Por essas linhas, à medida que os raios solares da finaleira de 2013 atravessam o hímen parcialmente colocado no Beira-Rio por alpinistas pleiteantes, vai delineando-se o enredo colorado pro Ano da Copa (quando também teremos eleições). O desafio é deixarmos de ser a paródia desgastada de nós mesmos.
Neve de coco ralado à espera da receita tradicional: peru ao forno traseiro.
ATUALIZAÇÃO  só pra constar [26/12/2013]
Vovô Noel tomou viagra com catuaba e não dormiu no ponto: foram anunciadas nesta manhã pós-natalina as contratações por 2 anos do arqueiro Dida e do atacante Uélinton Paulista ( desconheço os valores dessas duas transações). A apresentação ocorre hoje mesmo (às 17h30). Quanto ao volante Aránguiz, falta acertar com a Udinese o tempo de empréstimo ao Inter.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Fim da Era Dungo

É isso aí, gurizada, foi-se o Dungo, com Paichão de arrasto. A situação ficou insustentável após a quarta derrotada consecutiva e uma campanha pífia. Acho Aposto que a decisão até já estava tomada antes da rodada de ontem. Isento-me de fazer qualquer avaliação desses quase dez meses, até porque não estou com saco nem tempo. Qual Falcão, logrou levantar o caneco do Gauchonga. De ídolo agora pra se arriscar na empresa que virou o Inter só restou o funcionário Clemer. E Dungo repete ainda a sina do véio Fossa, que foi pra rua após uma goleada pro Vashquin no Rio, à época treinado pelo Sapo Roth, que "casualmente" viria a ser o nosso próximo ténico. Eis que agora, acabo de sabê-lo, aventam justo quem pra suceder Dungo? Apesar da tentação pela coerência lógica e correspondência histórica, não é o Dorivalium, que ontem conseguiu às nossas custas tirar sua equipa da zona dos degoláveis. Mas por aí: coincidentemente de novo, Super Sapo Roth! E o Abelão? Elementar: Luídi da Rodô já disse que o Inter não joga pra torcida  só faltou dizer pra quem então! Portanto, e com todas as cagadas que têm sido feitas por ele e sua trupe no futebol colorado, ninguém se admirará caso a escolha seja desse quilate. Decerto também estão movidos pelo "pensamento mágico" (do qual o Ciffo sempre fala), repetindo a fórmula do errado que uma vez deu certo: agora sim, vamos ser campeões da Cobra.
Como diz o lugar-comum: seria cômico, não sesse trágico. Na real, é tragicômico.
Nota oficial do Inter e agradecimento dunguiano ("Dignity, always dignity! ").
E não sabia que o cara tinha um bareco: Bardunga.
E agora, Colorado?

BENZADEUS! (Le Ruque-Raque Blogue & The Black Tape Project)