quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O FUTEBOL TOTAL DO FUTURO

Ontem à noite, tendo jantado um peixe meio forte e bebido vários chopes (esqueceram de cobrar 2 canecos), quando até que enfim assentei o porongo no travesseiro pra dormir o sono dos justos, tive um ‘insight’ sobre a postagem anterior (“Guarda-redes”). É uma ideia que dá conta da fartura de goleiros. Trata-se duma posição-chave muito delicada: o titular pode ir do céu ao inferno em segundos.  E os reservas? Coitados, estão restritos aos treinos e a uma remota possibilidade de atuar. Goleiro titular dificilmente se lesiona ou é suspenso; quando defende a meta de modo razoável, tende a ser mantido ad infinitum pelo técnico. Como consequência, o reserva imediato fica dividido, meio que torcendo pra ter uma chance, ou seja, secando o titular... O que falar então do 3º e do 4º goleiros? Desmotivação, vontade de ser vendido ou emprestado, acomodação, por aí.
Esse problema se resolveria com a adoção dum inovador Futebol Total. De quebra, o esporte se tornaria muito mais dinâmico e proporcionaria mais gols a cada partida. Empates chochos de 0 a 0 talvez nunca mais acontecessem.

O básico resume-se no seguinte: o 12º jogador não seria mais a torcida ou o juiz, e sim um goleiro adicional, o qual teria sua própria goleira em vez de apenas dividir a goleira com o outro goleiro da equipe (até porque dois goleiros sob a mesma trave tenderia a provocar batidas de cabeça etc.). Quatro goleiras portanto, cada uma delas centralizada em cada linha externa do gramado. Haveria ainda um ajuste nas proporções do campo: em vez dum retângulo, um quadrado. Isso implicaria na transformação das laterais em linhas-de-fundo (eliminando, também de quebra, a escassez de bons laterais). Os escanteios abundariam. Detalhe: se a bola sai pra fora a partir da área, é escanteio, senão é lateral; ou seja, cada uma das 4 linhas-de-fundo estaria divida em linha-de-fundo propriamente dita, indo da trave até a linha da grande-área e determinando a marcação de escanteio, e a linha-de-lateral, indo da linha grande-área até a bandeirinha, determinando a marcação de lateral.
Mas chega de descrição, a imagem abaixo fala por si:

 
Cada goleiro do time A ocuparia a goleira oposta a um dos goleiros do time B.

O impedimento perderia sua razão de existir, estaria abolido.
Pra começar a partida, de acordo com o sorteio, um time escolheria a metade longitudinal ou a latitudinal, estando vetado a ambos os times dispor qualquer jogador seu dentro da área adversária antes de o juiz apitar. Esse veto se aplica obviamente a cada reinício de partida no círculo central, isto é, após o gol.

Os goleiros do mesmo time nunca ficariam dispostos um de frente pro outro: têm de ocupar a goleira diagonal do outro, invertendo da esquerda pra direita (ou vice-versa) no 2ºt. Por exemplo: se o goleiro A¹ tiver o A² à sua esquerda no 1ºt, no 2ºt terá de tê-lo à direita.
No intervalo, um dos goleiros do time A teria de trocar de lugar com um dos goleiros do time B. Explicando melhor: os goleiros A¹ e A² poderiam trocar de goleira entre si, assim como ao B¹ seria lícito fazer o mesmo com o B², pra daí então um deles trocar de lugar com o goleiro adversário que estiver oposto a ele, a saber, o que tomou o último gol do primeiro tempo.
Lógico que seria necessário construir de novos estádios pra acomodarem os campos quadrados, necessidade essa que se constitui mais em vantagem do que desvantagem.

Aí está o básico da coisa. Daqui a 10 ou 20 anos o presidente da FIFA ligará me convidando pra ir a Zurique (em primeira-classe receber e com direito a limusine no aeroporto) as homenagens por ter sido o pai da revolução ludopédica, por ter solucionado a “quadratura do círculo” no esporte mais rentoso e fascinante do planeta.

EM TEMPO:
1) Desenvolvendo a sugestão do Ciffero (além da do Gamarra) dada nos coments, qual seja, a de que cada meta fosse designada como a Rosa-dos-Ventos (goleiras N, S, E, O), os cornes seguiriam a mesma designação: NO, NE, SO, SE.

2) Os técnicos com suas respetivas casamatas ganhariam nova disposição: não mais na mesma lateral, pois nem sequer há mais lateral como a conhecemos, mas sim estariam posicionados diagonalmente um ao outro.

3) Outra vantagem é que todos os setores da torcida ficariam "atrás gol" (e também de frente etc., com uma perspectiva de vários ângulos).


 

BENZADEUS! (Le Ruque-Raque Blogue & The Black Tape Project)

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