sábado, 13 de abril de 2013

Mabóbolo e os Zindunga

O apelido Dunga pegou de tal modo à pessoa, ao profissional e ao personagem de nosso técnico, que não muitos conhecem-lhe o nome e talvez ninguém dispense chamá-lo assim  nem ele próprio. Diz a lenda que o autor foi um tio dele, de nome Cláudio, em virtude de sua baixa estatura e, provavelmente, por causa das orelhas de abano. Pela descrição da Disney, o caçula dos anões (Dopey no original), fora as orelhas salientes e o fato de ser o mais popular, não tem nada a ver com o cara: é mudinho (ok, Dungo não é de muita conversa), alvo de bullying (nem tentem) e brincalhão (o nosso técnico pode ser engraçado, mas não brinca em serviço). "Ele não é estúpido, mas simplesmente age como uma criança ou um cão" (leia a ficha e descrição completa aqui opa, um cão!
"Não é fácil ser esse Dunga"
Mas por que a Disney batizou o Dopey (diminutivo de dopy) de Dunga? Os significados não batem, confiram aí. Sim, o verbete dunga está dicionarizado. Curiosamente, as acepções em português têm a ver com o cara. E a etimologia de dunga? Vem do quicongo (língua banta falada em Angola) ndunga. Segundo a Enciclopédia Brasileira da Diáspora Africana, de Nei Lopes:

DUNGA [1]. Denominação dada outrora, pelos negros, no Brasil, a um homem importante, um chefe, um maioral. Do quicongo ndunga, "pessoa de grande porte". Entre os Bacongos de Angola, o termo ndunga designa cada um dos zindunga, homens pertencentes a uma importante sociedade secreta. 
DUNGA [2]. O mesmo que umbigada, traço distintivo de várias danças rurais afro-brasileiras.
Mabóbolo, o chefe dos Zindunga (ou Bakama)
Fiquemos com a acepção principal: parece referir-se ao homem e ao seus comandados. Dunga sempre teve ascendência, é um líder nato, detecta de longe os mínimos indícios de trairagem e falta de comprometimento no grupo, o qual consolida de modo a fechá-lo e defendê-lo contra interferências, intrigas e deslealdades. Daí ser pouco tolerante às malícias da imprensa, com a qual goza de má-fama. Paradoxalmente, é essa "fama de mal" que dá ibope, então a imprensa nem pode reclamar: fatura até levando nos dedos. E o ídolo colorado sabe que, ainda mais por estar na berlinda como técnico do Inter, qualquer fato ou factóide que puder ser usado contra ele assim o será (o objetivo é ver a sua e a nossa caveira e tripudiar em cima). Porém, nem sempre bate de frente com esse leviatã encabeçado pela RéBi$, tem as suas manhas também. E precisa ainda lidar com os descritérios, implicâncias e exibicionismos da arbitragem.
Presença de espírito